BIBLIOLOGIA (INTRODUÇÃO)



A BÍBLIA COMO LIVRO

A Bíblia é um livro singular, inspirado por Deus.  Escribas, Sacerdotes, Reis, Profetas e Poetas, homens das mais diversas culturas a escreveram, num período aproximado de 1.600 anos. Foram mais de 40 pessoas a escreverem as páginas da Bíblia e notadamente vê-se a mão de Deus na sua unidade. 

Estes textos foram copiados e recopilados de geração para geração em diversos idiomas, tais como: Hebraico, Aramaico e grego; até chegar a nós.  A Bíblia em sua forma original é desprovida das divisões de capítulos e versículos.  Para facilitar sua leitura e localização de "citações” a Bíblia foi dividida em capítulos e versículos.
Os primeiros 39 sub-livros da Bíblia foram escritos em hebraico ao longo de um período em torno de 1.000 anos.
        Houve um intervalo de 400 anos em que nenhuma Escritura foi redigida, exceto livros apócrifos (não autênticos).
  Depois disto, os últimos 27 sub-livros da Bíblia foram escritos em grego durante um período em torno de 50 anos.
A Bíblia, na época de Jesus, era chamada de:
 “Moisés e os profetas”
 “Lei, profetas e Salmos”.
 “A Escritura” ou “As Escrituras”
Lc 24:44 “E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas, e nos salmos”.

A divisão em Capítulos e Versículos

               A Bíblia foi dividida em capítulos pelo bispo católico Stephen Langhton entre 1234 e 1242.
                Os Massoretas dividiram o Antigo Testamento em versículos em1445 pelo Rabino Nathan.
                O Novo Testamento foi dividido em versículos por Robert Stephanus em 1551 na Reforma Protestante.

Até a invenção da gráfica por Gutenberg, a Bíblia era um livro extremamente raro e caro, pois eram todos feitos Artesanalmente (manuscritos) e poucos tinham acesso às Escrituras.  A Bíblia é composta de 66 livros, 1.189 capítulos, 31.173 versículos, mais de 773.000 palavras e aproximadamente 3.600.000 letras.

               O estudo da Bibliologia auxilia grandemente a compreensão dos fatos bíblicos. Ela nos mostra, por exemplo, como a Bíblia chegou até nós. Pela Bíblia Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-lo. Por isso ela faz alusão a tudo que é terreno e humano.

               Ela menciona países, rios, mares, plantas, comércio, dinheiro, produtos, costumes, raças, usos, línguas, etc. O autor da Bíblia é Deus, mas os escritores foram homens. Na linguagem figurada de diversas partes da Bíblia o próprio Deus age e é descrito como homem.

A BIBLIOLOGIA ESTUDA A BÍBLIA SOB OS SEGUINTES ASPECTOS:

Sua estrutura, considerando        sua divisão, classificação dos     livros, capítulos, versículos, particularidades e tema central. 
• A Bíblia como livro divino. 
• O Cânon sagrado: sua formação e transmissão até nós. 

A preservação e tradução do texto bíblico. Isso aborda as línguas originais e os manuscritos bíblicos.
 Inclui também elementos de história geral da Bíblia, inclusive o período inter-bíblico,  e  auxílios externos no estudo da Bíblia: geografia bíblica, usos  e costumes orientais, sistemas de medida, peso e moeda, história das nações antigas, estudo dos personagens e dificuldades bíblicas. 

A ESCRITA DA BÍBLIA E SUA ESTRUTURA

O vocábulo “Bíblia” vem do grego, língua original do Novo testamento.  Deriva do vocábulo grego “Biblos”. Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado “Biblion”, e vários destes eram uma “Bíblia”. Portanto, literalmente, a palavra Bíblia quer dizer “coleção de livros pequenos”.    

A escrita da Bíblia
A Bíblia foi originalmente escrita em forma de rolo, sendo cada livro um rolo. Assim, vimos que os livros sagrados não estavam unidos como os temos hoje. Isso só foi possível com a invenção do papel no século II pelos chineses, bem como a invenção do prelo em 1450 pelo alemão Gutenberg.

Os livros antigos tinham forma de rolo (Jr 36.2).   Eram feitos de papiro ou pergaminho. Ainda hoje, devido aos ritos tradicionais, os rolos sagrados das escrituras hebraicas continuam em uso nas sinagogas judaicas.

MATERIAIS EMPREGADOS NA REDAÇÃO DA BÍBLIA

Papiro

   O papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios, lagos e banhados no oriente, cuja entrecasca servia para escrever. Essa planta ainda existe no Sudão, na Galiléia superior e no vale de Sharom. Seu uso na escrita vem de 3.000 a.C.

A impossibilidade de recuperarem muitos dos antigos manuscritos (um manuscrito é, neste sentido, uma cópia à mão das Escrituras) se deve basicamente aos materiais perecíveis empregados na escrita da Bíblia. Dentre os antigos materiais de escrita, o mais comum era o papiro, feito da planta do mesmo nome.

Esse junco crescia nos rios e lagos de pouca profundidade, existentes no Egito e na Síria. Grandes carregamentos de papiros eram despachados através do porto sírio de Byblos. Supõe-se que a palavra grega para livro (biblos) tenha origem no nome desse porto.

A palavra portuguesa "papel" vem da palavra grega papyros, isto é, papiro. The Cambridge History of the Bible (A História da Bíblia, de Cambridge) relata como se preparava o papiro para a escrita: “Retiravam-se as películas que envolvem o caule”.

 Essas películas eram cortadas no sentido longitudinal em fitas estreitas, sendo então socadas e prensadas em várias camadas, sendo que cada camada era disposta perpendicularmente em relação à camada de baixo.

Quando seca, a superfície esbranquiçada era polida com uma pedra ou outro objeto.  “Plínio menciona diversos tipos de papiro que foram achados, de diferentes espessuras e superfícies, produzidos antes do período do Novo Império, quando as folhas eram freqüentemente bem delgadas e translúcidas”. 

O mais antigo fragmento de papiro de que se tem notícia é de 2400 antes de Cristo.  Os mais antigos manuscritos foram escritos em papiro, e era difícil a preservação de qualquer um desses papiros, exceto em regiões secas, como as áreas desérticas do Egito, ou em cavernas semelhantes às de Qumran, onde foram achados os rolos do mar Morto.  O uso do papiro era bem comum até por volta do século terceiro depois de Cristo.
Pergaminho

 O pergaminho é de pele de animais geralmente cabra ou carneiro e seu uso é mais recente; vem dos primórdios da era cristã.    É um material gráfico superior ao papiro.  Essa palavra designa "peles preparadas de ovelhas, cabras, antílopes e outros animais".

Essas peles eram "tosadas e raspadas" a fim de se obter um material mais durável para a escrita. F.F. “Bruce escreve que a palavra “pergaminho” tem origem no nome da cidade de Pérgamo, na Ásia Menor, pois a produção desse material para escrita esteve, numa certa época, especialmente associada ao local”.

Velino

Era o nome dado à pele de filhotes de diversos animais.  Freqüentemente o velino era atingido de púrpura.  Alguns dos manuscritos que temos hoje em dia são velinos cor-de-púrpura.  Geralmente os caracteres escritos sobre o velino purpúreo eram prateados ou dourados.  Os mais antigos rolos de peles de animais são de aproximadamente 1500 antes de Cristo.

Outros Materiais para Escrita

Ôstraco - Fragmento de cerâmica não esmaltada, bastante usado entre o povo em geral.  Esses fragmentos têm sido encontrados em abundância no Egito e na Palestina (Jó 2.8). 
 
Tabletes de argila

  Inscritos com um instrumento pontiagudo e então, secado a fim de se ter um registro definitivo (Jeremias 17.13; Ezequiel 4.1). Eram os mais baratos e um dos mais duráveis materiais para escrita. 
 
Tabletes de cera

Um estilete de metal era usado para escrever num pedaço plano de madeira recoberto com cera.


INSTRUMENTOS PARA A ESCRITA

Cinzel

Um instrumento de ferro para entalhar as pedras. 
 
Estilete de Metal

"Usava-se o estüeto, um instrumento triangular com uma cabeça plana, para fazer marcas nos tabletes de argila e de cera".  

Pena

Era feita de “juncos (juncus maritimis), com 15 a 40 centímetros de comprimento, sendo que uma das extremidades era cortada de modo a produzir o formato de cinzel achatado, a fim de que se pudessem fazer traços grossos ou finos com as beiradas largas ou estreitas”.
A pena de junco esteve em uso na Mesopotâmia desde o início do primeiro milênio (a.C), sendo que é bem possível que tenha sido adotada em outros lugares, enquanto que a idéia de uma pena de ave parece ter vindo dos gregos, no século três a.C. (Jeremias 8.8). A pena era usada para escrever em velino, pergaminho e papiro. A tinta geralmente era uma mistura de "carvão, cola e água".

AS FORMAS DOS LIVROS ANTIGOS

Rolos

     Eram folhas de papiro coladas uma ao lado da outra, formando longas tiras, e, então, enroladas num bastão. O tamanho do rolo era limitado por causa da dificuldade de seu uso. Geralmente se escrevia só de um lado. Um rolo escrito dos dois lados tem o nome de "opistógrafo" (Apocalipse 5.1).

Conhecem-se alguns rolos com 43 metros de comprimento, mas em geral, os rolos tinham entre seis e dez metros. Não é de surpreender que Calímaco, pessoa cuja função consistia em Catalogar os livros da biblioteca de Alexandria tenha dito que "um livro grande é um grande transtorno".

Forma de códice ou livro

A fim de tornar a leitura mais fácil e menos desajeitada, as folhas de papiro foram montadas em forma de livro, sendo escritas em ambos os lados. Greenlee afirma que o cristianismo foi o principal motivo para o desenvolvimento de formato do códice, ou volume manuscrito antigo.  Os escritores clássicos escreveram em rolos de papiro até aproximadamente o século três depois de Cristo.

TIPOS DE ESCRITA

Escrita uncial

Letras maiúsculas deliberadas e cuidadosamente desenhadas, próprias para livros. Os códices Vaticano e Sinaítico são manuscritos unciais.

Minúscula Carolina

"Uma escrita de letras menores, cursivas, criadas com vistas à produção de livros". A mudança de unciais para minúsculas teve início no século nove.  Os manuscritos gregos eram escritos sem quaisquer espaços entre as palavras.


(Até 900 AD. o hebraico era escrito sem vogais, quando os massoretas introduziram a vocalização.) Bruce Metzger responde o seguinte àqueles que falam da dificuldade de um texto contínuo: “Não se deve, todavia, pensar que essas ambigüidades ocorram com muita freqüência no grego”.

Nessa língua a regra é que, com bem poucas exceções, as palavras vernáculas só podem terminar em vogai (ou em ditongo) ou em uma dentre três consoantes: n, r e s (ni, rô e sigma). Além do mais, não se supõe que a escrita contínua apresentasse dificuldades excepcionais na hora da leitura, pois, na antigüidade, aparentemente era costume ler em voz alta, mesmo quando se estivesse sozinho. “Assim, apesar da inexistência de espaço entre as palavras, ao pronunciar, sílaba por sílaba, o que estava lendo, a pessoa logo se acostumava a ler o texto em escrita contínua”.



AS LÍNGUAS DA BÍBLIA

O estudo das diversas línguas é interessante e de muito proveito.  As línguas estão sempre se modificando e mudando com o desenvolvimento dos povos e inter-relacionando as nações.  Será necessário que reconheçamos isto neste estudo.  Deus não inspirou a Bíblia na língua portuguesa, embora tenhamos a Bíblia inspirada em vernáculo nosso. Originalmente a Bíblia fora escrita em três línguas, a saber: hebraica, aramaica e grega. Esta era a língua do Novo testamento.   Alguns comentadores dizem que provavelmente Abraão deixou de usar a velha língua semítica — A caldaica — a qual era a da sua própria terra (Gn 12.15), quando saiu de Ur, e adotou a língua dos cananeus, em cujo meio foi morar.  A sua descendência — os hebreus — mais tarde, durante o cativeiro em Babilônia, deixou de falar a língua hebraica e adotou a caldaico-aramaica, a qual continuou a ser falada até os tempos de Jesus Cristo.

Esta língua cananéia, que Abraão usou, era, provavelmente, a mesma ou alguma forma dela, que foi conhecida mais tarde como hebraica. Parece que a língua hebraica foi chamada “a língua de Canaã” (Is 19.18).  Algumas das tabuinhas de Telel-Amarna, descobertas em 1887 no Egito, assim chamadas pelo nome do lugar em que foram achadas, com data de 400 anos mais ou menos depois de Abraão, são escritas em boa língua cananéia ou língua hebraica.

HEBRAICO

Língua em que foi escrito o Antigo Testamento, exceto alguns poucos trechos que foram escritos em ARAMAICO.

ARAMAICO

Bíblia peshitta em aramaico
Grupo de dialetos intimamente relacionados com o HEBRAICO e falados na Terra de Israel e em outros países do mundo bíblico (2Rs 18.26).
        Estão escritos em aramaico os seguintes textos bíblicos:
            o Esdras 4:8-6,18; 7:12-26;          
            o Daniel 2:4-7,28;
            o Jeremias 10:11





GREGO KOINÉ (COMUM)

Língua difundida pelo império de Alexandre, o Grande, que viveu de 356 até 323 a.C. Ele conquistou o mundo civilizado desde a Grécia até a Índia.  É também conhecido como Alexandre Magno.
      Deus preparou o cenário para que o NT fosse escrito nessa língua detalhista.  O grego koiné era a língua usada por comerciantes, médicos, escritores e políticos.

AUTÓGRAFO

Texto original escrito por um profeta, apóstolo ou evangelista inspirado pelo Espírito Santo.
      Hoje não temos mais os autógrafos, somente cópias.  Porém, os milhares de cópias espalhadas pelos cristãos do mundo e preservadas de geração  em  geração  garantem  a    sua  fidelidade,  pois  Deus  prometeu  que   sua  Palavra  não  seria destruída (Sl 119:89; Is 40:8; Mt 5:18; Mt 24:35).


APÓCRIFOS

Livros que a Igreja Romana, no Concílio de Trento em 1546, declarou inspirados, embora não fizessem parte do CÂNON DO AT estabelecido pelos judeus de Israel.
      Isso veio ocorrer por causa da Reforma Protestante.   Os católicos chamam esses livros de "deuterocanônicos", isto é, pertencentes ao "segundo cânon".

A Língua do Velho Testamento

Com poucas exceções, o Velho Testamento foi escrito na língua hebraica. Esta era a língua do povo de Israel e é chamada “a língua judaica” (II Reis 18.26). Esta língua continuou a ser falada e escrita pelos hebreus até o cativeiro, quando adotaram a aramaica ou siríaca, a qual é um dialeto da hebraica. 
Devido a esta mudança de língua, os versados na língua hebraica podem descobrir três períodos em que se divide a história do desenvolvimento dela.  Cada período é distinguido pelo seu estilo e idioma. O período em que foi escrito o Pentateuco, é o da língua hebraica falada no tempo de Moisés.  O período em que a língua alcançou o ponto do seu maior desenvolvimento em pureza e refinamento.
O período em que a língua alcançou o ponto do seu maior desenvolvimento em pureza e refinamento.  Neste foram escritos os livros de Juízes, Samuel, Reis, Crônicas, Salmos dê Davi, Provérbios e os demais livros de Salomão e as profecias de Isaías, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum e Habacuque. O período em que foram escritos os demais livros de profecias, assim como os de Ester, Esdras e Neemias.  Durante esta época, palavras, frases e idiotismos de línguas estrangeiras tinham sido incorporados à hebraica da segunda época, em conseqüência da comunicação dos judeus com as nações vizinhas.
As passagens do Velho Testamento que não são escritas em hebraico são as seguintes: Esdras 4.8 a 6.18 e 7.1226, Jeremias 10.11 e Daniel 2.4 a 7.28. Estas são escritas no dialeto caldaico. Este fenômeno se explica pela residência de Daniel e Esdras na Babilônia e as suas relações com os governadores desses países.

A Língua do Novo Testamento

Os livros do Novo Testamento foram escritos originalmente na língua grega, conhecida como helênica, porque os gregos eram chamados helenos ou o povo de Helas. Depois da grande conquista de Alexandre Magno, rei da Macedônia, filho de Filipe e de Olímpia, a língua grega, numa forma helênica, espalhou-se em toda parte do Egito e do Oriente, e tornou-se a língua vernácula dos hebreus que residiam nas colônias de Alexandria e outras partes.
A Bíblia contém 66 livros e divide-se em duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo Testamento tem 39 livros e o Novo Testamento 27. Os 66 livros foram escritos num período de aproximadamente 1.500 anos por mais de 40 gerações.  Os escritores pertenceram às mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em continentes, regiões e países distantes uns dos outros e em épocas diversas. Mesmo assim, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Foi escrito por mais de 40 escritores, envolvidos nas mais diferentes atividades, inclusive reis, camponeses, filósofos, pescadores, poetas, estadistas, estudiosos, etc.

O ANTIGO TESTAMENTO

Com 39 livros, foi originalmente escrito em hebraico, com algumas pequenas partes em aramaico. O aramaico foi à língua que Israel trouxe do cativeiro babilônico. Era a língua que se falava em toda a Mesopotâmia, e foi durante muitos anos a língua internacional do comércio. Era também conhecida com siríaco e caldaico e tinha praticamente a mesma estrutura do hebraico.  Há também na Bíblia, algumas palavras persas. Podemos dividir os livros do A.T. em Livros da lei ou Pentateuco são cinco: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.  Tratam do início de todas as coisas, da lei e do estabelecimento da nação de Israel.

Livros Históricos

São doze:
Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crônicas, Esdras, Neemias, Ester.
Trata da história de Israel em seus vários períodos. Teocracia, sob os juízes. Monarquia, Sob Saul, Davi e Salomão.  Divisão do reino depois da morte de Salomão, cativeiro e período pós-exílio.

Livros Poéticos

São cinco: Jó, Salmos, provérbios, Eclesiastes, cantares de Salomão. 
São chamados poéticos devido à sua construção literária.


Livros Proféticos

São dezessete:
 Profetas maiores (cinco): Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel.  
Profetas menores (doze): Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

A classificação dos livros do A.T. como conhecemos, por assunto, não levando em conta a ordem cronológica dos livros, vem da Septuaginta.  Calcula-se, por exemplo, que Jó seja o mais antigo dos livros da Bíblia.  Na Bíblia em hebraico (chamada Tanach) a divisão dos livros é bem diferente: Leis, escritos e profetas. Abaixo encontramos a divisão dos livros do Antigo Testamento na Tanach.

Lei (Em hebraico Torah), que compreende os cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio.
Profetas (Em hebraico Nebiim), agrupados em: Profetas anteriores: Josué, Juízes, 1 e II Samuel, I e II Reis; Profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.

Escritos (Em hebraico Ketubim): Jó, Salmos, Provérbios, Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel, Esdras, Neemias, I e II Crônicas. O título referido, Lei, Profetas e Escritos, aparece reduzido em ocasiões como a Lei e os Profetas (Mt 5.17) ou, de modo mais singelo, a Lei (Jo 10.34).

Formação do Cânon do Antigo Testamento

Conjunto dos livros do AT que a igreja cristã reconhece como genuínos e inspirados.  No cânon aceito pelos evangélicos há 39 livros. O cânon católico tem a mais 7 livros e algumas porções. O cânon do AT é o mesmo para os judeus e os evangélicos.

Formação do Cânon do Novo Testamento

Conjunto de 27 livros do NT que a igreja cristã reconhece como genuínos e inspirados.
        O cânon do NT é igual para evangélicos e católicos.   Os primeiros cristãos que receberam os escritos originais dos Apóstolos sabiam quais eram os verdadeiros e providenciaram suas cópias para as outras igrejas.

Fechamento completo do Cânon

Os concílios efetuados pela Igreja de Roma, apenas reconheceram aquilo que já era evidência entre as igrejas fiéis a Cristo.   Os concílios expurgaram os escritos falsos por não haver testemunho entre os fiéis e também por conterem informações falsas.

TIPOS DE BIBLIA

Basicamente possuímos dois tipos de Bíblia:

Baseadas no Texto Tradicional ou Texto Bizantino

               Antigo Testamento >> Texto Massorético (hebraico)
                Novo Testamento >> Textus Receptus (TR) (grego)
                Preservado pela cultura Oriental

Baseadas no Texto Moderno ou Texto Alexandrino:

               Antigo Testamento >> Septuaginta (grego)
               Novo Testamento >> Texto Crítico (TC) (grego)
                Preservado pela cultura Ocidental
Antigo Testamento / Texto Massorético

Os Massoretas eram escribas judeus que se dedicaram a preservar e cuidar das escrituras (Antigo Testamento). Substituíram os escribas por volta do ano 500 d.C. até 1.000 d.C.

No hebraico antigo escrevia-se somente com consoantes, e as vogais eram somente pronunciadas, isto é, as vogais eram transmitidas através das gerações do povo judeu oralmente e não de forma escrita.
Os Massoretas foram os responsáveis pela adição de vogais no texto hebraico moderno.

Antigo Testamento / Septuaginta

É o nome de uma tradução do Antigo Testamento para o idioma grego, feita no século III a.C.
Foi encomendada por Ptolomeu II, rei do Egito, para ilustrar a recém inaugurada Biblioteca de Alexandria. A tradução ficou conhecida como os Setenta (ou Septuaginta, palavra latina que significa setenta, ou ainda LXX), pois setenta e dois rabinos trabalharam nela. A Septuaginta foi usada como base para diversas traduções da Bíblia do Ocidente

A Recuperação do Texto Bíblico

Na idade Média, a Igreja Romana só permitia o uso do Latim, e o povo não tinha acesso à Bíblia nem aos textos em grego. A igreja Romana preservou a Bíblia em Latim, por meio da tradução de Jerônimo, a “Vulgata Latina”.  No período entre 400 a 1400 d.C a Bíblia oficial do Ocidente era a Vulgata Latina.

O Textus Receptus (Texto Recebido)

    No Império Bizantino (Império Romano do Oriente) a cultura grega foi preservada nos períodos de 333 d.C a 1453 d.C. Os Bizantinos conservaram muitas cópias dos manuscritos do Novo Testamento em sua língua original. Cerca de 5.000 manuscritos. Com a invasão dos Muçulmanos em 1453, e o fim do Império Bizantino, os eruditos cristãos fugiram para o ocidente levando consigo as cópias dos textos gregos. Esse fato reavivou o estudo do grego no Ocidente. 
Após a invenção da prensa móvel por Gutenberg (1454), o Evangelho expandiu poderosamente.  Erasmo de Roterdã, um estudioso do grego, preparou uma edição do Novo Testamento tendo como base os melhores manuscritos bizantinos. Esse texto foi posteriormente denominado Textus Receptus (Texto Recebido) ou simplesmente TR.  O TR foi editado por Erasmo (1516), depois por Estéfano (1546-51), depois por Beza (1598) e os irmãos Elzevir (1624/1633).

O Textus Receptus (TR) foi o texto Grego usado na Reforma

Bíblias produzidas na Reforma Protestante:
               Bíblia de Lutero – Alemão (1522)
               Reina Valera – Espanhol (1569)
               Rei Tiago (King James) – Inglês (1611)
               Diodati – Italiana (1649)
               João Ferreira de Almeida – Português (1681)

Como surgiu o Texto Crítico?

 Cerca de 400 anos após a Reforma Protestante, o pesquisador Tischendorf descobriu mais dois manuscritos gregos datados do quarto século: o Códice Sinaiticus (1844) no convento de Santa Catarina no monte Sinai.  Esses manuscritos estavam numa cesta de lixo prestes a se tornarem combustível para o fogão do convento.    O Códice Vaticanus (1866) guardado em uma biblioteca do Vaticano (onde está até hoje). O Vaticano só permitiu que ele consultasse durante 14 dias, 3 horas por dia.
    Em 1882, dois bispos anglicanos, Westcott e Hort, fizeram um trabalho de Crítica Textual baseando-se principalmente nesses dois manuscritos. A partir daí lançaram uma versão revisada do texto grego. Esse texto passou a ser chamado de Texto Crítico (TC). O TC possui 7% de diferença do TR.
 O trabalho de Crítica Textual consiste em determinar qual a versão mais provável do texto original dentre as variantes dos manuscritos disponíveis. Porém foi dado um peso maior aos dois manuscritos descobertos (Sinaiticus e Vaticanus) por serem mais antigos e mais completos. Daí surgiu o termo “melhores manuscritos”.
A partir 1882, foram lançadas novas Bíblias no mundo inteiro baseadas no TC.  Só após o ano de 1882, com o trabalho de Westcott e Hort é que houve toda a influência nas Bíblias atuais. Essa diferença de 7%, no geral, não afeta nenhuma doutrina fundamental do Cristianismo.

Métodos de Traduções

Método por Equivalência Formal:

Traduz-se palavra por palavra do texto bíblico seguindo a estrutura do grego ou hebraico, mas respeitando as regras do português. Acrescentam-se palavras em caracteres itálicos para indicar que uma específica palavra não consta no texto base, mas que precisou ser adicionada para dar melhor fluência ao texto.
        –Ex: Bíblia ACF da SBTB; RC da IBB; RC da SBB.

Exemplo de tradução por Equivalência Formal

“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1 Coríntios 10:23-ACF).

Método por Equivalência Dinâmica:

Este princípio tenta usar uma tradução que se aproxime do sentido original do texto usando a fluência da língua para a qual se está traduzindo, sem, contudo seguir a estrutura do grego ou hebraico.
    Ex: NTLH da SBB, NVI da SBI.

Exemplo de tradução por Equivalência Dinâmica

    Alguns dizem assim: “Podemos fazer tudo o que queremos.” Sim, mas nem tudo é bom. “Podemos fazer tudo o que queremos”, mas nem tudo é útil. (1 Coríntios 10:23-NTLH)

Tradução Formal Vantagens e desvantagens

É uma tradução Fiel ao texto base:
               Palavra no grego mais próxima da palavra no português
               Passa maior confiança ao leitor
               Possui uma leitura mais difícil, pois exige um nível cultural maior (leitura erudita).
               Possui expressões não tão comuns aos nossos dias:
 “mó de atafona” “pedra de moinho”
 “não se te dá” “não te importas”
 “com razão o sofrereis” “o tolerais facilmente”


Tradução Dinâmica Vantagens e desvantagens

               É uma tradução mais fácil de entender
               Facilita a leitura para as pessoas mais simples
               A fidelidade da tradução depende da fidelidade do tradutor
               Nem sempre há uma correlação de palavras entre o texto base e o texto traduzido

Bíblias em português

               ACF = Almeida Corrigida Fiel da SBTB 100% TR (tradução formal)
                ARC = Almeida Revista Corrigida da IBB e SBB, 98% TR e 2% TC (tradução formal).
                AEC = Almeida Edição Contemporânea da Ed. VIDA, 96% TR e 4% TC (tradução mista) - Ex: Bíblia Thompson.
               ARA = Almeida Revista e Atualizada da SBB, 93% TR e 7% TC (tradução mista).  Usa “[]” colchetes para indicar o que fazia parte da edição original de João Ferreira de Almeida, ou seja, o TR.

Bíblias totalmente baseadas no TC que usam o método de tradução dinâmica:

               NTLH (Linguagem de Hoje) - SBB
               Bíblia Viva - Editora Vida
               NVI (Nova Versão Internacional) - SBI
               Bíblia Católica (todas)
               Tradução do Novo Mundo – Testemunha de Jeová

Comparando o TR e o TC

               (ACF) “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.”.
               (ARA) “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos e sim pecadores [ao arrependimento].”.
                (NVI) “Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’. Pois eu não vim chamar justos mas pecadores.”

               1 Timóteo 3:16
               (ACF) “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”.
                (ARA) “Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido na glória.”.

               Filipenses 4:13
                       (ACF) “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”
                       (ARA) “tudo posso naquele que me fortalece”
                       (ARC) “Posso todas as coisas naquele que me fortalece"

               Atos 8:37
                       (ACF) “E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”.
               (ARA) “[Filipe respondeu: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus]”.
               (NTLH) “-” (novas edições usam colchetes)
               (BJ) “-” (e as demais católicas)

Romanos 8:1
               (ACF) "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”.
                (NVI) "Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus.”.

1 Pedro 2:2
                (ACF) "Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo”.
               (NVI) "Como crianças recém-nascidas, desejem intensamente o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para salvação”.

1 João 5:7-8
               (ACF) "Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num”.
               (NVI) "Há três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes”.

Efésios 3:9
               (ACF) “E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo”.
               (ARA) “e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos, oculto em Deus,         que criou todas as coisas”.
               (RC) “e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que, desde os séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou”.

Versículos completos que estão faltando nas bíblias baseadas no TC

               Mateus 17:21
               Mateus 18:11
                Mateus 23:14
               Marcos 7:16
               Marcos 9:44 e 46
               Marcos 11:26
               Marcos 15:28
               Lucas 17:36
               Atos 15:34
               Atos 28:29

Versículos que contêm diferenças entre o TC e TR.

               Mateus 1:25
               Marcos 1:2
               Marcos 2:17
               Lucas 4:4
               João 3:13
               Lucas 22:43-44
                Efésios 3:9
               Apocalipse 1:11
               Apocalipse 21:24
               Apocalipse 22:14

Os perigos nas traduções deturpadas

Em algumas traduções estão inseridas algumas ambigüidades, levando os leitores ao erro de entendimento, ou fazendo crer em heresias!

    Exemplo:

Tradução do Novo Mundo (Testemunhas de Jeová)

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus” (João 1:1).

O que está escrito no texto grego?
 “E o Verbo (a Palavra) era Deus”
Nesse versículo, “Deus” é atributo.  Diante de um atributo o artigo é omitido

Em toda parte do mundo, estão sendo criadas Bíblias com conteúdo deturpados, toda e qualquer tradução que não for fiel ao texto grego deve ser rejeitada! Existe grande necessidade dos cristãos conhecerem a verdade como ela, pois somente assim faremos a real vontade de Deus!

A inspiração das escrituras

Em II Timóteo 3.16 lemos Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça;”.
As escrituras ensinam que o Velho Testamento foi inspirado (soprado por Deus, gr., theopneustos), ou seja esta cheio da inspiração divina. O apostolo Paulo em I Coríntios 2 confirma isto:13 As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina”...
Outras passagens ainda confirmam a inspiração das escrituras:
Hebreus 1. 1 HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho...
II Pedro 1. 21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

Com a leitura dos textos bíblicos, fica esclarecido que as escrituras nunca foram escritas por vontade humana, mas sim unicamente por inspiração divina Porém isto não quer dizer que toda tradução seja correta, havendo ainda cópias errôneas, a inspiração cabe somente aos “autógrafos”, como os mesmos não existem mais, acreditamos então na inerrância das escrituras, baseando-se no ensino contido nelas sobre sua inspiração!
Também devemos aceitar como provas de sua inspiração o fato de haver grande precisão nos fatos narrados, dados, etc. Existem muitas “teorias” sobre a inspiração das escrituras, nos últimos tempos teólogos não ortodoxos (modernistas), passaram a divulgar que, as escrituras “contêm” a Palavra de Deus, havendo partes inspiradas, assim como erros (deturpações humanas), como mito e lendas.
Outros ainda negam a inspiração das escrituras, alegando que nada mais são que relatos históricos, lendas, poemas, etc. Porém com conteúdo moral e religioso, tendo origem na “intuição humana”, nunca sobre inspiração divina!Existem muitas outras “teorias”, porém devemos nos lembrar de que o próprio Jesus citou varias escrituras, servindo isto de prova para sua autencidade:

Lucas 24. 44 E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos.
Havendo ainda muitas outras passagens que indicam sua veracidade!

E-mail, MSN: assembleiacristanobrasil@hotmail.com 




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